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Acabou, Comeu
Neste mês do carnaval subimos as ruas do Sambizanga e visitamos um dos mais míticos grupos carnavalescos de Luanda: Kabocomeu.
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É na nova marginal de Luanda, também conhecida como “sembódromo”, onde mais de dez grupos carnavalescos desfilam, mostrando o ritmo nas suas canções, coreografias e, sobretudo, nas suas indumentárias que de tão coloridas parecem ganhar vida própria.
Na história do carnaval luandense, desde o tempo em que havia apenas o carnaval de rua não competitivo, vários grupos evidenciavam-se pela forma como brincavam ao carnaval.
Mas foi em 1978, data da primeira edição do carnaval de Angola independente, que o grupo União Operário Kabocomeu, com a sua forma peculiar de se apresentar, chamou a atenção dos júris e venceu a primeira edição sem deixar dúvidas.
O grupo foi fundado em 1952, no município do Sambizanga. O seu nome do vem da satisfação, do culminar do carnaval de rua, também conhecido como “quarta-feira das mabangas”. Neste dia, o grupo tinha uma frase que era “acabou, comeu” ou seja, “estamos satisfeitos, fizemos a nossa parte e não há para mais ninguém”. Devido à oralidade e influência da língua Kimbundu, o grupo passou a chamar-se Kabocomeu.
O grupo é composto por mais de duzentas pessoas, com uma linha da frente bem representada por um comandante, rei, rainha, conde, princesa e um vocalista, também conhecidos como figuras principais do grupo. Kabocomeu tem mantido a originalidade nas canções, estilo de dança, coreografia e indumentária, sem serem repetitivos.
Com um estilo próprio, o União Operário Kabocomeu cria as suas canções numa base, usando apenas três instrumentos: a corneta, o reco-reco e uma lata. E é ao som destes instrumentos que o grupo dança a Kazucuta. Esse estilo de dança é executada com muita classe e toques subtis e só pode ser dançado com um guarda-chuva e uma bengala na mão, objectos que caracterizam o grupo.
A indumentária do Kabocomeu é feita por alfaiates profissionais. Não é alta-costura, mas os trajes obedecem a uma linha tradicional, com misturas de modernidade, desde a escolha do tecido à bainha final.
Os instrumentos musicais usados pelo grupo União Operário Kabocomeu não estão mortos de todo. A corneta, a lata e o reco-reco têm acompanhado o desenvolvimento da música angolana, sobretudo o reco-reco. Este instrumento tem servido como base de muitos estilos musicais e é a maior inspiração sonora do Semba. Instrumentos que mantêm vivo e sempre renovado o cancioneiro angolano.
Comandante
O comandante é a figura pomposa, que transmite segurança ao grupo. Manuel António Júnior é esta figura. Comandante do grupo há cinco anos, vive para o carnaval.
Com o seu apito, gesto de comando e passos estilosos, leva o grupo a desfilar com alma na nova marginal de Luanda. O traje clássico parece ter sido tirado de uma garrafa de uma marca de whisky. Ele é o abre ala do grupo Kabokomeu.
Rainha
Antónia João Hebo é a rainha do grupo. De traje colorido e com um sorriso penetrante, espelha aquilo que uma mulher e rainha deve passar para o grupo.
A sua coroa e a pose solene fazem com que as pessoas sintam a energia das mães e a força das mulheres angolanas.
Bailarino
Graciano de Jesus Pedro, jovem bailarino e dono de uma “jinga” natural. Evidencia-se pela dedicação e classe com que mostra a Kazucuta, que aprendeu desde a infância. Bailarino com “banga”, Graciano Pedro vê no grupo o suporte para a vida pelos ensinamentos que recolhe das gerações dos “Mais Velhos”. O Carnaval é símbolo de rejuvenescimento e a juventude está lá para dar o seu contributo.