Faces

Paulo Kussy

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Anatomista artístico, Paulo Kussy pinta o corpo humano, enfatizando o conceito do homem vitruviano: “o corpo humano é o modelo de tudo”.


A DIVO conversou com ele no seu atelier, em Kilamba, no âmbito da apresentação da sua mais recente exposição.


Como anatomista artístico, olha para o corpo humano de forma diferente?


Sim, olho de um ponto de vista científico. Tive uma aprendizagem, um treino que me permitiu ter um olhar atento. Represento e pinto melhor porque sei a realidade interna daquilo que estou a observar, desde os órgãos internos, músculos, ossos, tendões, e associo tudo à geometria e arquitetura.


A sua a primeira exposição individual em Luanda teve o tema, “Anatomilias entre o homem e a máquina”, a segunda foi “Despir a pele” e a terceira “Anatomilias – Parte 2 Body Flow”. Há sempre um denominador comum, porquê esses temas?


Porque o corpo humano é o modelo de tudo. “Anatomilias” é um neologismo que provém da junção dos termos anatomia + anomalia. São temas eternos. Mas também uso esses temas como pretexto para levar as pessoas a reflectir. Por exemplo, “despir a pele” quer dizer que por baixo da pele, somos todos iguais.


Nas suas obras, a diferença de plano arquitectónico é propositada?


Sim é, e em alguns casos aparecem como obstáculos. Por exemplo, em “Body Flow”, pensei muito na água, por ser uma substância que contorna obstáculos. Ela flui e não se detém.


Recentemente concluiu a tese de dissertação de mestrado, com o tema de anatomia comparada homem/cavalo. Porquê o cavalo?


Porque na história da arte, o cavalo é visto como um animal nobre e forte, é sempre posto no trono. E tive também algumas influências, desde muito cedo, vendo as obras do artista italiano Paolo Uccello. Esse universo sempre me fascinou.



Se não fosse um anatomista artístico, seria um médico?


É engraçado, porque quando andava no ensino secundário, no teste de vocação profissional, a minha inclinação foi para área da saúde, mas a arte falou mais alto. Vendo bem, estou entre os dois mundos. Secalhar… quem sabe não farei um doutoramento em ciências médicas.


Nas suas obras, a robustez acompanha a leveza. Será que há uma corrente de brutalismo adormecido em Paulo Kussy?


Não, ou seja, o que represento nas minhas obras não é necessariamente a extensão da minha personalidade, quando quero representar força, corpos que lutam pelo espaço arquitectónico. A arte permite-me fazer, mas procuro sempre deixar algumas reticências.


O que o diferencia dos outros artistas plásticos angolanos? Qual a sua pretensão como artista?


Há quem diga que eu tenho uma impressão digital artística. Talvez seja pela minha atenção exagerada ao pormenor e por pintar o tal denominador comum que é o nosso maior património: o corpo humano. A minha pretensão é abrir mentes.


Para quando uma exposição de Paulo Kussy em Paris?


O circuito internacional interessa a qualquer artista plástico. Mas quanto a isso, estou a criar um movimento em relação ao meu nome, a minha marca, fazendo alguns contactos e, se tudo correr bem, quem sabe um dia isso acontece.