
Faces
À conversa com ‘The Afro Boy’
Conta com uma carreira invejável no mundo da moda, já foi capa da DIVO e, há um ano atrás, estreou-se como blogger. Luís Borges, em discurso directo.
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Com apenas 27 anos, já protagonizou campanhas para a Tommy Hilfiger, a Benetton e, recentemente, para a linha Black by Vera Wang, para além de ter sido galardoado com o Globo de Ouro de ‘Melhor Modelo Masculino’, em 2011.
Em Julho passado, comemorou o 1º aniversário do seu blog, ‘The Afro Boy’ e a DIVO sentou-se com ele para falar deste e de outros projectos da sua carreira.
Este ano comemoraste o 1º aniversário do ‘The Afro Boy’. Como é que surgiu a ideia do blog?
Já tinha pensado, em 2012, criar um blog, mas como estava com muito trabalho, o meu booker da Central Models, o Mário, achou que não estava na altura certa, por não me conseguir dedicar totalmente. Achava que ter um blog era mais fácil! O ano passado, achei por bem criá-lo, porque percebi que as pessoas gostavam de ver o outro lado: o backstage, as festas onde vou. Aproveito também para partilhar lá o meu gosto pela moda.
E que balanço fazes deste 1º ano? Tens feito algumas alterações, a nível de design, temas…
Quando lancei o blog, o visual não me agradou a 100% e, passado algum tempo, decidi mudar para uma coisa que me agradasse mais. Até agora, o balanço tem sido muito positivo. A moda está a ganhar cada vez mais importância em Portugal e, apesar de o meu estilo ser um bocadinho diferente, as pessoas aderem bastante ao blog e isso é bom. Partilho a parte profissional, mas também a parte pessoal. Acho que tem de haver um equilíbrio entre as duas coisas e as pessoas gostam disso.
Tens tido um feedback positivo?
Sim, ao nível das visitas está a crescer cada vez mais. Acho que o facto de ser figura pública ajuda a criar visibilidade, as pessoas visitam por curiosidade, mas é importante manter essas visitas. Tento actualizá-lo com frequência, com coisas interessantes e que não tenham saído em todo o lado. As meninas mandam-me imensas mensagens e e-mails a pedir conselhos de moda ou sobre o que vestir para um casamento, e tento responder assim que posso. Os rapazes nem tanto, não sei se são mais tímidos ou se não ligam tanto ao estilo.
Porquê o nome ‘The Afro Boy’?
Quando comecei a ir para o estrangeiro fazer desfiles, toda a gente me chamava ‘o rapaz branco da afro’, não me chamavam Luís Borges, e isso ficou marcado. Ouvia aquilo tantas vezes nos castings, talvez por ser uma novidade, ter a pele clara e um [cabelo] afro. Chegaram a perguntar-me se fazia isto no cabeleireiro! Foi assim que surgiu o nome. Tinha de ser uma coisa que se identificasse comigo e fosse original.
Abordas temas muito diferentes no blog, desde o trabalho à vida pessoal. Como é que encontras um ponto de equilíbrio, para que tudo pareça homogéneo?
Inseri a família através do separador ‘Baby Lu’, onde falava sobre o estilo da minha filha Lu. Depois, inseri toda a família, num registo mais fashion, e agora vou abordando outras coisas e outros momentos. Percebi que as pessoas gostavam de ver a minha família, o nosso dia-a-dia, o que é que a Lu e o Bernardo vestem… com o Bernardo é mais difícil, ele não pára quieto para tirar fotografias, mas a Lu adora! Depois, o lado profissional também é importante. Se o blog é o ‘The Afro Boy by Luís Borges’ tenho de falar realmente da minha vida, e tanto a família como o trabalho fazem parte dela. Não fazia sentido deixar alguma delas de fora.
Tens apenas 27 anos, mas já tens uma família com três filhos e estás no auge da tua carreira. É difícil conciliar uma carreira profissional tão internacional com a família?
Acho que a família não pode ser impedimento para que tenhamos outras coisas, neste caso a profissão. Há famílias com mais filhos – por exemplo, o Brad Pitt e a Angelina Jolie – que o fazem. Temos de ter ajuda de babás e avós, claro, mas quando eu e o Eduardo [Beauté, marido de Luís Borges] decidimos adoptar os nossos filhos, ficou assente que iríamos ter a nossa vida normal, e que eles não poderiam ser um impedimento para viajar ou para manter o meu trabalho, com temporadas de maior ausência. Tento passar cá mais tempo por causa do Bernardo e da Lu, mas consigo gerir perfeitamente. Também há o Skype, que ajuda a matar saudades, e o Eduardo também me vai visitar onde estiver a trabalhar. Quando queremos e gostamos, conseguimos conciliar tudo.
Há pouco, falavas da questão de seres figura pública e apareceres em revistas, em campanhas ou na televisão. Algum dos teus filhos teve uma reacção engraçada ao ver-te em algum desses sítios?
O Bernardo não percebe bem, mas a Lu quando me vê nas capas das revistas diz logo que é o papá, percebe que sou manequim e que aquilo é uma foto. Uma vez, levei-a à agência e ela apontou logo para o meu compósito que estava na parede! Este ano, o Eduardo levou-a à ModaLisboa e ela começou a chorar porque não tinha percebido porque é que passei por ela e não tinha falado com ela. Mas acha graça a este mundo e adora ser fotografada. Se calhar é uma coisa que nasceu com ela. Quem sabe, talvez um dia venha a ser manequim.
Um dos posts do teu blog é precisamente uma montagem da cara da Lu em capas com a Lupita Nyong’o…
Isso foi uma brincadeira que eu decidi fazer, porque acho que elas são parecidas, e pensei ‘Porque não pôr a Lu nas capas da Lupita?’ e acho que ficou uma coisa gira, porque a montagem ficou muito bem feita! Elas agora até têm um penteado parecido – e acho que foi a Lupita que copiou a Lu. Às vezes, chego a mostrar-lhe fotos da Lupita e pergunto-lhe quem é, e ela responde ‘É a Lu grande!’. Ela adora estas brincadeiras e diverte-se muito.
A afro é uma das tuas imagens de marca. Qual é o segredo para a manteres assim?
Não tem segredo! As pessoas perguntam, mas não meto muitos produtos nem perco muito tempo com o cabelo: lavo, dou com o secador e ele fica automaticamente em pé! Claro que tenho cuidado com a hidratação, mas ele é naturalmente assim. Há quem pense que uso laca e imensos produtos para fixar, mas não. Até sou um bocado desligado dessas coisas.
E que outros cuidados tens com o corpo, como manequim?
Quando comecei, não ligava muito ao ginásio, mas hoje percebo que o corpo é cada vez mais importante, até mesmo para apanhar outras campanhas e ter outros clientes. Quero deixar de ser o rapaz da afro, novinho e com baby face, o menino da Tommy [Hilfiger]. Quero mostrar o meu lado mais adulto e que acho que as pessoas não conhecem. O meu foco agora é trabalhar mais o corpo e deixar de ser o Luís Borges de antigamente.
Estás também a celebrar um ano que fizeste a capa da DIVO e, na altura, falaste no blog sobre a sensação de passar num quiosque e ver uma revista contigo na capa. O que é que falta na tua wishlist profissional?
Muita coisa! Acho que o que fiz até agora é só um bocadinho daquilo que posso fazer e posso mostrar ao público português e internacional. Não gosto de pensar naquilo que quero fazer; prefiro trabalhar para isso. Se conseguir, tudo bem, se não conseguir não vou ficar deprimido. Tudo o que fiz até agora aconteceu, nunca tinha pensado muito nisso, acho que isso atrasa as coisas. Sou uma pessoa de energias e acho que devemos deixar andar, porque o que tiver de ser, nosso será!
De certeza que tens ídolos nos quais te inspiras. Com quem é que gostavas ainda de trabalhar?
Gostava muito de trabalhar como Jon Kortajarena ou com o Sean O’Pry. São manequins muito diferentes, mas muito bons naquilo que fazem, e trabalhar com eles, mais do que um mérito, é uma aprendizagem. Ninguém nasce ensinado e eu ainda tenho muito a aprender com esta profissão. Gosto de folhear revistas e ver as poses de colegas meus, o que é que se está a fazer. Isso faz parte do trabalho de casa de um manequim. A Sara Sampaio é um bom exemplo disso. Quando a conheci, ela via imensas revistas e hoje é a modelo que é. Acho que temos de ser humildes e tentar perceber e aprender com as outras pessoas.
Que conselhos darias a um manequim em início de carreira?
Acima de tudo, ser apaixonado pela moda. Hoje há muita gente que quer ser manequim para ser famoso e esse pensamento é totalmente errado. Se não gostares realmente do que estás a fazer, não vale a pena. Um manequim tem de gostar mesmo do que faz e ser apaixonado, até porque isso se vê nos castings e nos trabalhos que fazemos, e os próprios clientes reparam nisso.
Como é que vês a afirmação de modelos e designers africanos na moda?
Acho que é uma coisa que iria acabar por acontecer. Quando comecei a minha carreira, não havia muitos modelos de pele negra, mas há cada vez mais belezas exóticas. Por exemplo, a Maria Borges não tem nada a ver com a Sharam Diniz. A Amilna [Estevão] vai ser uma top model de sucesso internacional, sem dúvida! Quando a conheci, no início da carreira dela, ela não fazia grandes planos, mas hoje já desfilou para marcas para as quais nunca sonhou trabalhar e vai ter um futuro brilhante. A Isilda [Moreira] também é um bom exemplo. Acho que ela é uma mistura de Joan Smalls com Chanel [Iman]. São miúdas que lutam e que se percebe que gostam disto. O Armando [Cabral] também é um excelente profissional, que fez e continua a fazer muito sucesso junto de marcas internacionais. Está a acabar o preconceito de que os modelos têm de ser brancos e de olhos claros; até os asiáticos estão a ganhar terreno! Há uma aceitação cada vez maior. Faz parte da evolução das coisas e tem de haver novidade.
E projectos para o futuro, o que é que nos podes adiantar?
Hum… ainda não posso dizer! Mas vou ter uma parceria gira, no verão do próximo ano. Vai ser uma surpresa, uma coisa nova que me propuseram há um ano e meio, mais ou menos, e eu decidi aceitar.