A
moda é o habitat natural de
Armando Cabral. Modelo há mais de uma década, tem, desde 2009, a sua
própria linha de calçado.
Foi rosto da H&M mais do que uma vez, protagonizou, ao lado do irmão Fernando Cabral, a campanha da Balmain e agora faz parte da lista dos 31 melhores modelos masculinos que a revista Details apresenta na sua edição de Setembro.
Para comemorar o sucesso inegável de Armando Cabral, relembramos a entrevista que deu em exclusivo à DIVO (https://divomagazine.com/armando-cabral/) em Março passado.
De todos os sítios onde já viveu, onde se sente mais em casa?
Em Nova Iorque. Identifico-me muito com a cultura americana. Sinto uma adrenalina muito forte em Nova Iorque, que me inspira a criar coisas novas. Mas futuramente gostava de ter a minha tranquilidade, acho que Portugal daqui a algum tempo vai passar a ser o meu lugar preferido.
O que é para si ser Africano?
É muita coisa… É a minha cultura, o meu povo. O calor de África, o ritmo de África, a dança, são coisas com as quais me identifico muito.
Como transporta essa herança para as suas colecções de sapatos?
A marca Armando Cabral tem uma forte ligação comigo. Na primeira colecção, por exemplo, demos nomes de regiões da Guiné a cada modelo. Foi uma maneira de homenagear as minhas origens. Tentei identificar cada região com um técnica específica, que também era usada nos sapatos. Tínhamos uns sapatos clássicos entrelaçados a que chamamos Papel, devido a uma étnia com o mesmo nome, muito conhecida pela técnica de entrelaçar tecido.
Nas estações seguintes houve uma continuidade deste espírito?
Sim, embora tenhamos modelos novos. A ideia é fazer tudo o que tenha a ver comigo, não só com as minhas origens, mas também com sítios de que gosto, nomes de familiares e amigos.
Como é que um estudante de gestão vai parar ao mundo da moda?
Na realidade, comecei na moda ainda em Lisboa, antes de ir para Londres estudar. A minha irmã era modelo e nós éramos inseparáveis. Um dia fui com ela à agência e assisti a uma aula de passarelle. A directora da agência disse-me que eu devia fazer curso e seguir uma carreira na moda. Gostei muito da ideia, mas não tinha dinheiro para pagar o curso. Entretanto consegui convencer a minha irmã a pagar-me o curso com a condição de eu não puder faltar a aula nenhuma, e foi assim… Quando cheguei a Londres foi engraçado, porque na rua, muita gente me perguntava se eu era modelo, mas quando fui a uma agência, fui recusado. Isto aconteceu três vezes… Só à quarta é que consegui.
O que lhe ensinaram todos estes anos como modelo?
A moda ensinou-me quase tudo. Foi uma verdadeira lição de vida. Aprendi a disciplina, a persistência, a lidar com os “sins” e os “nãos” das pessoas. Aprendi a traçar metas para mim próprio e a dedicação, a confiança para conseguir chegar onde cheguei.
Acha que é um empresário de moda diferente por ser modelo?
Totalmente. Todas as minhas referências vêm da minha experiência como modelo. Juntando o meu curso de gestão de empresas com uma carreira de modelo, consigo uma visão muito mais ampla.
Sou uma pessoa normal, gosto de coisas e hábitos simples. Gosto é de estar com os meus amigos e adoro o meu trabalho. Sinto-me abençoado por poder fazer aquilo que gosto.
© Frederico Martins
