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(des)Localizações
Nas entrelinhas da exposição “Dé-placements”, em Paris, com curadoria da camaronesa Koyo Kouoh.
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(des)Localizações, este é um termo usado mais do que nunca nos nossos discursos do quotidiano. Neste caso, não espelha o que temos visto nas notícias e que tem quase sempre acabado das piores formas. Aqui são as peças que nos fazem deslocar, a nós observadores que, apesar de permanecermos parados, viajamos nos sentidos e nas percepções.
A financeira Société Générale convidou a curadora Koyo Kouoh, dos Camarões, a desenhar o lay-out da exposição “Dé-placements”, a decorrer até 30 de Outubro na sua sede principal, nas torres da La Defense, em Paris.
A mostra, como o nome indica, espelha o movimento e a deslocalização das obras dos espaços tradicionais onde moram, seja museológicos ou privados, e como a nova forma de as mostrar pode condicionar o espectador.
O primeiro factor é a selecção de obras que Koyo fez de entre o espólio da financeira; o segundo é a cenografia escolhida para enfatizar a relação que o observador tem com as obras, tendo em conta não só o movimento físico em relação a elas, mas também todas as capacidades sensoriais e estados espirituais.
Jogando sempre com as balanças movimento/imobilidade e visível/oculto, o lay-out da exposição empurra o visitante para o relacionamento com a obra de arte, fazendo-o tomar consciência da sua relação com ela, do tempo que despende na sua contemplação e de que forma o surpreende (ou não), levando-o numa jornada sensorial inesperada aquando do seu movimento entre uma obra e a seguinte.
Não é, definitivamente, uma exposição que verá publicada no grosso dos meios de comunicação. Por isso mesmo, se for entretanto a Paris, não a perca. Muita desta arte voltará para os acervos da Société e não sabemos quando a voltaremos a ver.
Koyo Kouoh é a fundadora e directora artística da RAW Material Company, um centro de estudos de arte, conhecimento e sociedade, em Dakar. É também curadora do FORUM, o programa educacional no 1:54 Contemporary African Art Fair.
