

Feature
O ano africano
África começa a ganhar peso na balança planetária, no mundo da decoração e não só. E de forma cool.
| 0 ComentáriosWarning: Use of undefined constant HTTP_HOST - assumed 'HTTP_HOST' (this will throw an Error in a future version of PHP) in /home/u735550140/domains/divomagazine.com/public_html/wp-content/themes/braxton/single.php on line 134
Warning: Use of undefined constant REQUEST_URI - assumed 'REQUEST_URI' (this will throw an Error in a future version of PHP) in /home/u735550140/domains/divomagazine.com/public_html/wp-content/themes/braxton/single.php on line 134

África, como inspiração para os interiores, não é uma novidade; ano sim, ano não, lá vem ela para vender tecido cor de laranja ou mobiliário em rattan.
Mas este ano, em estreia absoluta, o continente africano entra na decoração de uma forma contemporânea e cool, longe da tradicional cacofonia tradicionalista, propositadamente étnica/etnográfica e mais perto de cenário de filme do que de sala habitável.
A boa decoração, e as boas casas editoras, espelham na sua produção o desejo latente do mundo consumidor. Ao contrário do que seria expectável, as tendências – de decoração, da moda ou de qualquer outro produto – não nascem do nada nos gabinetes que nelas trabalham; começam antes, na sociedade e nos acontecimentos presentes e futuros, nas aspirações das pessoas, no que corre ao redor do mundo, e mais importante, naquilo que esses mesmos gabinetes de tendências pensam ser proeminente num futuro breve.
Este status quo é traduzido depois em títulos ou palavras-chave que sintetizam um estado de coisas: quando se aproximam guerras ou conflitos relevantes, despontam as tendências militares, ou, como agora, quando as economias começam a recuperar, os gabinetes vão buscar épocas felizes, como a década de 80 ou o espírito hippie.
Já lhe ocorreu porque estará o mercado inundado de azul-índigo e branco? Não acha que o factor Grécia e as suas relações com a restante Europa terão qualquer coisa a ver com o assunto?
Numa altura em que o dito mundo ocidental treme, África começa a ganhar peso na balança planetária. Não só pela riqueza, ainda disponível, das matérias-primas que ainda fazem girar as rodas motrizes da sociedade como a conhecemos, mas mais importante, devido às pessoas que, com África no sangue, trazem novas propostas para os nossos quotidianos.
Numa altura em que parece que para sobrevivermos à nossa própria presença no planeta temos de encontrar novas soluções integradas num mundo pré-industrializado e pré-globalizado, de África surgem nomes e soluções que, porque nascidos num continente em que a maioria da população vive com pouco – como toda a restante humanidade terá que habituar-se a viver, pelo menos minimizando desperdícios e pegadas ecológicas –, podem fazer parte de uma resolução global.
Esta será, provavelmente, a razão subjacente ao facto de África ser raiz das modas contemporâneas. Todas as outras – a aventura das viagens, a natureza, as paisagens de cortar o fôlego, a diversidade cultural – sempre o foram.