É o verdadeiro
afro-luso-brasileiro capaz de juntar as pontas que angolanos, portugueses e brasileiros têm por vezes dificuldades em ligar. Daniel é alemão, vive em Berlim e tem uma
fábrica cheia de surpresas com cores e cheiros de África.
O pai de Daniel estava sempre a ouvir João Gilberto e foi esse som da bossa nova que o transportou para o mundo da língua portuguesa. No anos noventa do século passado, o techno invade os bares das cidades alemãs e com essa batida seca veio também o Hip-Hop, o Rap e o House.
Daniel sempre esteve nesse diálogo.
Depois, pensou em misturar tudo isso criando um som único. É um dos DJ mais famosos do mundo lusófono e, com o tempo, acabou por ficar embaixador da lusofonia.
A mesma fórmula foi usada por ele nesses novos sons, que foi revelando na Europa como o funk brasileiro, o kuduro e o semba e tudo que vai encontrando numa viagem cheia de calor muito tropical, sempre com a ideia de dar novas roupagens a músicas que por vezes estavam estavam esquecidas, outras que vêm à luz através de contactos que Daniel vai fazendo entre Lisboa, Luanda e Rio de Janeiro. Depois há as músicas novas, os sons que ele reinventa, descobre e apura.
A partir de 2005, Daniel funda a editora Man Recordings, com sede em Berlim, e no meio digital, traz a luso FM , uma rádio online onde experimenta muitas sonoridades, como se de repente, e a partir da Alemanha, entrássemos num musseque de Luanda ou num morro de uma favela do Rio de Janeiro.
O novo disco African Fabrics é como se tivéssemos tingir um pano africano. A ideia de fabricar novos padrões em tecidos que agora estão na moda. Daniel viu aqui uma história de vida e quis prestar homenagem aos diálogos que são hoje fruto dos fluxos da globalização:
“A ideia principal tem que ver com a troca de experiências, os diálogos, o fluxo de ideias”, conta à DIVO
A velha história de que os panos, que hoje vemos pelo continente africano, terão sido trazidos da indonésia pelos holandeses. Na tentativa de os tentar reproduzir na Europa e revendê-los à Indonésia, os holandeses não conseguiram sair bem sucedidos neste negócio do fabrico de panos. Então os holandeses venderam-nos a mercadores africanos, que povoaram o continente desta identidade com padrões, cores e a energia que hoje conhecemos e que acabou por ficar com a identidade dos países do continente: desde a Samakaka angolana à Capulana de Moçambique.
A Holanda produz ainda muitos desses panos e até os chineses estão no negócio.
A produção gráfica do álbum tem até a colaboração de um artista e designer alemão, vencedor do Leão de Ouro na Bienal de Veneza, num olhar alemão sobre estes padrões.
Tobias Rehberger reinterpretou os padrões africanos que que fazem parte da identidade visual do disco.

Segundo Daniel, a ideia é ter um disco que possa criar lastro para merchandising:
“ter uma componente visual do novo álbum, que dê a possibilidade de comunicar o trabalho de diferentes formas como roupas e outros materiais fabricados”.