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Arts
Lixo de Luxo
Um candeeiro feito de garrafas em plástico PET chega à Etiópia para deslumbrar e contribuir para o comércio sustentável.
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Em 2012 o designer espanhol Alvaro Catalán de Ocon encontrou na periferia de Bogotá, na Colômbia, o campo perfeito para matar vários coelhos, não com uma cajadada só, mas com um candeeiro seu desenhado no ano anterior.
Esta localidade tinha dois grandes problemas, um ambiental e outro social: a boca do seu rio estava a ficar quase que permanentemente tapada com lixo, especialmente as malfadadas garrafas de refrigerantes em plástico PET (politereftalato de etileno). Ao mesmo tempo, a população, essencialmente agrícola e/ou artesã, debatia-se com graves problemas sociais de trabalho e inserção.
O Pet Lamp de Alvaro tem como base um abajur cuja estrutura resulta do uso das garrafas PET, que levam séculos a reintegrar-se na natureza, e serviu para empregar estas pessoas carenciadas, usando as suas ancestrais técnicas de tecelagem com fibras naturais, como fitas de cana ou vime.
O projecto ganhou pernas e agradou aos melhores interioristas do mundo. Melhores como profissionais e como pessoas. Este tipo de comércio justo e sustentável será o futuro que temos como obrigatório à nossa frente, se quisermos continuar a habitar este planeta.
Da Colômbia, o Pet Lamp expandiu-se em 2013 para o Chile e, no ano passado, para África, entrando pela Etiópia e sempre da mesma forma: reciclando, empregando valorosos artesãos e mantendo vivos a cultura e o modo tradicional.
As malfadadas garrafas PET de lixo passaram a luxo. Algumas excelentes lojas de design, mais do que disponibilizando-os para compra, têm os candeeiros como peças centrais da sua decoração.
É verdade que o modelo mais caro custa mais que quatro mil euros, mas é apenas uma parcela do que custa um lustre em cristal europeu. E irá contribuir para fixar autóctones nas suas terras, que não engrossarão assim os milhões que migram por razões económicas.
