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O Amor em vista

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Livros, canções, filmes, histórias que cruzam o planeta para mostrar emoções, paixões, amores e desamores, encontros e desencontros. São representações dos sentimentos, da sexualidade e do erotismo, alguns dos aspectos da afectividade, fora da qual a vida humana não seria possível.


Os olhares cruzam-se, ou então é uma palavra, um gesto; é só necessário um pequeno estímulo para que, em micro segundos, tenham lugar milhares de operações, em diversas áreas do nosso cérebro, que disponibilizam toda a nossa atenção e carga genética, de maneira automática, num mesmo sentido. É o disparo da atracção, tão eficaz como, em certas ocasiões, mortal. Mas será mesmo assim? Estaremos condenados a um determinismo que faria de nós simples máquinas pré-programadas?


Durante muito tempo, emoções, paixões e sentimentos foram associados a uma herança animal, áreas do corpo e instintos que era preciso dominar e, não em poucas situações, reprimir, traçando a fronteira entre cabeça e coração. O desenvolvimento das ciências médicas, com especial ênfase para a psiquiatria, psicologia e, recentemente, neurobiologia, tem permitido realizar uma demolição sistemática dos muros dessa separação, recolocando a afectividade como condição que estabelece a diferença entre nós e o resto dos seres vivos. E a vinculação e apego como base de todo o processo.



O PRINCÍPIO DOS PRINCÍPIOS


Os pequenos pulmões enchem-se de ar, o cordão umbilical bloqueia-se.


Depositado no colo da mãe, o recém-nascido sente que não está sozinho. Esse simples gesto cria o vínculo inicial que torna possível a sobrevivência. Indefeso, as necessidades manifestadas e a sua satisfação vão estar impressas de afectos. São estes – os afectos – que vão permitir reagrupar as sensações de fome, sede, cansaço, mas também explorar o mundo e integrar-se nele, ao mesmo tempo que o pequeno ser se desenvolve e ganha autonomia.


Com o tempo, o diálogo mantido entre o interior e o exterior condicionará o desenvolvimento da criança até atingir a idade adulta, de maneira consciente. As vivências e experiências vão sendo retidas [actualizadas e transformadas] na memória, desde o primeiro minuto até à última hora.


Assim, quando a informação capturada e processada pelas redes de neurónios toque alguma corda emocional colocará em diálogo os “três cérebros” [que constituem a totalidade da nossa mente], ou seja, o neocórtex, a área eminentemente analítica; o sistema límbico, com os centros de memória e emoção, e o sistema instintivo, encarregado das funções vitais automáticas.


As sensações, emoções, sentimentos, paixões ou, a outro nível, o amor surgem como respostas a estados sentidos pelo cérebro e pelo sistema nervoso.



Resumir a nossa vida afectiva a uma questão neurológica e física pode parecer pouco romântico mas, como refere António Damásio, no livro “O Erro de Descartes” – “descobrir que certo sentimento depende da actividade de vários sistemas cerebrais específicos que interagem com vários órgãos do nosso corpo não faz desmerecer a condição desse sentimento enquanto fenómeno humano”. Pelo contrário, “a nossa capacidade de admiração deveria acrescentar-se diante dos mecanismos que tornam possível essa magia. Ou, como para o investigador, uma das vozes mais importantes na área da neurologia, professor da Universidade de Southern California e director do Brain and Creativity Institute:


“Os sentimentos são a base do que os seres humanos descreveram, durante milénios, como alma ou espírito.”