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À conversa com Blaya

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“A música surge, empino nariz, abro o peito, empino o rabo… Todas as mulheres conseguem fazer isto, só é preciso não ter vergonha”


O público conhece-a como Blaya mas o seu nome de nascimento é Karla. Dança kuduro mas, ao contrário do que se pensa, não tem raízes africanas mas sim brasileiras, onde nasceu. E aos 27 anos, com o Pack Five Bundas já fez mais pela autoestima das mulheres angolanas e portuguesas do que se possa imaginar. Com as suas aulas já conseguiu mudar a vida amorosa de algumas delas:


“ As minhas aulas são para o rabo e respiram sensualidade. A partir daí as mulheres conseguem chegar a casa, sentirem-se sensuais e fazer algo diferente do habitual. Às vezes, chegam à aula e dizem-me ‘o meu namorado agradece-te’”, conta nesta conversa intimista com a Divo.


Divo: Chama-se Karla. Por quê Blaya?


Blaya: (Risos) Há muitos anos, quando comecei a escrever, ia com frequência para o Algarve e lá ouvia-se – e ainda se ouve – muito hip hop, e Blaya significava rapariga. E na altura do mirc era mc Dama. Como dama é o mesmo que rapariga e toda a gente era dama, pensei que Blaya era mais original. E sou Blaya desde os 16, 17 anos.


Karla é só lá para casa, não?


B.: (risos) Sim, mas a verdade é que, às vezes, até a minha mãe me chama Blaya! Como é que é possível?! Pouca gente me chama Karla e quando acontece até acho estranho. Sobretudo se for alguém que não conheço bem.


Outra curiosidade: a Blaya, ao contrário do que muita gente imagina, não nasceu em África, mas sim no Brasil…


B.: É verdade! O meu pai era jogador de futebol e vim para cá bebé, tinha dois meses. Começámos por viver na Amora, depois fomos para o Algarve e mais tarde parámos em Ferreira do Alentejo, onde vivi até aos 16, 17 anos.


O Brasil surge só como uma informação no cartão do cidadão?


B.: Cresci cá, mas toda a minha família é brasileira. Só algumas primas mais novas é que já nasceram cá. Sinto-me metade portuguesa e metade brasileira. Identifico-me com o Brasil porque é um país quente, que me faz ser uma pessoa mais à vontade, não ter uma mente fechada como ainda acontece em Portugal. Se bem que em algumas partes do Brasil, essa mente fechada também existe para algumas coisas.


Sou alegre, gosto de dançar, gosto de incentivar as pessoas a mostrarem-se como são. Nesses aspecto sou muito brasileira.


E como é que África e o kuduro se cruzaram no seu caminho, uma vez que não há nenhuma ligação?


B.: Nenhuma mesmo! Veio por acréscimo com os Buraka mas, em casa, quando era miúda, gostava de dançar funaná, era o meu exercício físico. Ouvia kizomba, kuduro mas nunca pensei em vir a fazer disso a minha profissão.


Nem tinha amigos africanos ou com raízes africanas?


B.: (risos) No Alentejo?! Nada disso! Acho que era a pessoa mais escura que havia em Ferreira do Alentejo!


Mas graças aos Buraka, foi ‘adotada”…


B.: Sim! Os Buraka passam por África mas também pela América do Sul, e outros cantos do mundo. Em 2008 quando entrei para o grupo, o essencial era dançar kuduro e eu não sabia, fui ‘obrigada’ a aprender e acabei por ser ‘adotada’ para sempre. Foi um processo de aprendizagem e muito trabalho.


Foi difícil o fim dos Buraka Som Sistema?


B.: Decidimos dar tempo a nós próprios. Vamos ter tempo para nos focarmos nos nossos projetos a solo e também na nossa família, andámos sempre de um lado para o outro, ficando quase sem tempo para fazer as coisas ditas habituais e normais.


Saiba mais sobre o fim dos Buraka Som Sistema, aqui.

E quais são os seus novos desafios?


B.: Estou sempre em busca de novos projetos. Estou a dar aulas na academia IART em Santos. Tenho um grupo de dança composto por três mulheres e só dançamos o estilo afro e brasileiro. Este ano também comecei com um projeto chamado “project dance tour”, somos quatro professores de dança de estilos diferentes e deslocamos-nos por Portugal inteiro para dar quatro horas de dança. Em relação à música já estou a escrever coisas novas.


E que história é esta de um novo programa na tv? Entusiasmada?


B.: Gosto de apostar em novos desafios e quando me ligaram para saber se aceitava disse logo que sim!


E de onde vem a paixão pela dança?


B.: Nunca fiz mais nada a não ser cantar e dançar. Desde pequena entrava nos concursos de dança na escola.


Aos 14, 15 anos comecei a escrever e nessa altura queria cantar mas ao mesmo tempo pensava ‘alentejana a cantar rap? Não!’.


Aposto que era uma pessoa um bocadinho excêntrica para Ferreira do Alentejo, não?


B.: (risos) Sim! Pintava o cabelo de cor-de-laranja, usava saias por cima das calças. Todos os anos tinha um estilo diferente. Fui beta. Eu, beta com aqueles sapatos de vela! Depois fui mitra, com as meias por cima das calças.


À medida que fui crescendo fui tendo vários estilos e fui também tentado sair do Alentejo.


Dos 17 aos 19 fui para Sines e depois vim para Lisboa.


Voltando à paixão pela dança…


B.: Estava sempre ligada às artes, à expressão corporal. Nunca me desviei do meu caminho, sabia que era aquilo que queria. Cheguei a fazer dois cursos de hip hop em Lisboa, vinha todos os fins-de-semana e regressava ao Alentejo. Um dia fui com um amigo a Évora, assistir a uma convenção e os rapazes dos Ritmos Urbanos viram-nos a dançar e chamaram-nos para fazer a tour da Coca-Cola Zero.


E nunca mais parou até chegar aos Buraka.


B.: Entrar para os Buraka foi sorte mas também muito trabalho.


Diz que é uma pessoa calma mas em palco é uma explosão…


B.: No palco e nas aulas.


Quando estou a dançar dou 150% e, por isso, é normal que essa energia chegue aos outros.


Nunca quis ser outra coisa. Se sou boa nisto, vou-me esforçar ao máximo para ser uma das melhores. Desde sempre que sabia o que queria ser. E é isto!








A Blaya também está associada a uma grande carga de sensualidade. Como é que se relaciona com essa faceta mais sexy de si?


B.: (mmmm) Não sei, mas há muitos anos, quando vim para Lisboa e entrei para os Ritmos Urbanos, era sem dúvida umas pessoas menos sensuais. Havia até uma coreografia em que estavam todas sexy e de saltos altos e eu fazia, de propósito, de desengonçada porque era muito pouco sensual. Mas à medida que os anos foram passando, fui deixando de ter vergonha, fui explorando o meu corpo e agora consigo ser mais sensual. Não é fácil porque é preciso mesmo ter um grande à vontade. Se olhar para mim agora, sou uma maria-rapaz. Mas a música surge, empino nariz, abro peito, empino o rabo… Todas as mulheres conseguem fazer isto, só é preciso não ter vergonha.


As portuguesas perderam ou estão a perder a vergonha?


B.: Têm vindo a perder mas é complicado. Dá-se muita importância à opinião dos outros. Devem experimentar, explorar o corpo…


Não tem receio de enviar uma mensagem errada ao público masculino? Consegue fazer-se respeitar sempre?


B.: Às vezes é complicado.


Muitas vezes pensam que uma mulher porque mostra o corpo está a oferecer tudo o que tem e é pertença de todos, mas não é assim.


Ser simpática demais traz alguns problemas. As mulheres podem e devem lutar pelos seus direitos mas para isso não têm perder a sua sensualidade. Um bocadinho de sensualidade faz falta a qualquer mulher.


Como é que trabalha o seu corpo?


B.: Além das aulas de dança que dou, faço exercício físico duas vezes por semana para coxas, glúteos e abdominais. Também faço kickboxing para cortar um pouco com a dança e mudar de treino.


E depois há as aulas especiais para a bunda com o Pack Five Bundas. O rabo é especial?


B.: (risos) Um rabo é sensual, mas é claro que não vamos andar sempre com o rabo destapado para as pessoas dizerem se é bom ou não. Um rabo pode ser pequenino, gigante, médio, a mulher tem é de saber mexer e é isso que eu ensino. O que não falta aí são mulheres com o rabo maior do que o meu, é preciso é saber mexê-lo. E há pequenos truques que permitem isso.


Já mudou a vida de alguém?


B.: Nas vidas amorosas sim. As minhas aulas são para o rabo e respiram sensualidade. A partir daí as mulheres conseguem chegar a casa, sentirem-se sensuais e fazer algo diferente do habitual.


Às vezes chegam à aula e dizem-me ‘o meu namorado agradece-te’.


E tal como a maioria das mulheres também quer construir uma família, ser mãe? Ou a profissão condiciona a sua vida?


B.: Marido tudo bem, filhos agora não. A minha vida ainda não está estável como quero mas sim, quero ser mãe.


Acredito que para um homem seja difícil partilhá-la. No fundo é isso que acontece num sentido figurado.


B.: Sim, mas de outra maneira. São outros toques, outros olhares. Mas sei que não é fácil para a outra pessoa acreditar. Mas quem estiver comigo tem de saber o que faço.


Não tenho problemas em seduzir o público e a pessoa que estiver comigo tem de perceber que esse lado é da minha profissão, uma hora e meia de espetáculo. Sou uma performer, gosto de me chamar assim!


E tem namorado?


B.: (risos) Sim, um maluco decidiu aceitar-me e aturar-me!


Tem ídolos?


B.: Não! A pessoa de quem mais gostei foi a Alicia Keys e quando a vi no Rock in Rio até chorei. Gosto do estilo da Rihana porque ela é livre mas não tenho ídolos.


Todas as mulheres são bonitas?


B.: Sim, apenas precisam de ter confiança e não ter medo da mudança.


Se estão mal com elas mesmo, não se lamentem, mudem, inovem!


É uma otimista por natureza?


B.: Sim, mas também tenho as minhas fragilidades. Também penso que não sou bonita, já quis ser mais clara…


Porquê?


B.: (risos) Por causa dos rapazes brancos! Sentia que eles não se aproximavam tanto de mim. E se fosse mais clara talvez se aproximassem. Pancadas de miúda! Voltando à conversa, vai haver sempre um dia que achamos que não estamos bem mas é preciso confiança.




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