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MEXEFEST: um festival plurivocal
O editor da DIVO MAG conta, na primeira pessoa, a sua experiência no Festival Mexefest que aconteceu em Lisboa, este fim-de-semana.
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A noite de sexta-feira começa fria, mas quando o tanque começou a encher já o Mexefest tinha ganho mais uma vez: bilhetes esgotados e toda a gente que andava de sala em sala tinha a certeza que estava no melhor festival da cidade de Lisboa. Cada sala que se mexia, cada artista que levantava os braços, cada palma batida tinha a força da lua. Mas a força da voz teve-a Banjamin Clementine e o Coliseu, que há muito não tinha tantos arrepios.
Mahmundi e a voz da Rita Lee, o Tanque a encher e as ruas em redor da Avenida da Liberdade pareciam um formigueiro de gente. Tinha acabado de jantar com o DJ e produtor Daniel Haacksman que sussurrou: “grande cartaz e não podes perder o Bloco: Carol Conka!” E não perdemos porque quando Carol entrou, o Tanque rendeu-se.
Tudo a mexer ao som desta ideia urbana de bloco retirada do Carnaval que pára o Brasil todos os anos. Conka, sempre fabulosa e em pink hair arrasou com letras como “Mundo Loco” e “Toda Doida” numa MC que nos transporta para o “mexe fest” do corpo. O formigueiro estava a ganhar casa vez mais gente e os blocos lá continuaram a animar o Tanque, espaço novo acrescentado ao festival que teve este ano a estreia da cantora portuguesa Márcia. Sempre fofa e comunicativa fez da Sala Manuel de Oliveira, no São Jorge a casa de família de muita das palavras da mais bela poesia portuguesa dos últimos tempos.
Talentosa e suave, Márcia fez subir ao palco todos aqueles com quem tem colaborado, mesmo estes não estando lá, efectivamente. Um até já Márcia, porque vais ficar para durar muitos, muitos anos. O momento do festival estava para chegar e a fila já estava à porta do Politeama. E nunca a revista teve a mais feroz das concorrências.
O festival é mesmo fixe, proporciona encontros, sorrisos e selfies, fotos em grupo, em duplas e abraços e beijos. É dos locais mais fixes para se estar. Até a “turistada” estava de mapa na mão de um lado para o outro. E ao passar mais um som diferente, e ao passarmos mais uma ideia sonora batida com palmas, arrastada com coros, o pessoal estava mesmo divertido, tudo muito fixe.
É mesmo fixe o Vodafone Mexefest e nós ainda estávamos para ver o que de melhor neste ano haveria de acontecer, porque só pode acontecer no Mexefest, porque há dias em que ganhamos anos de vida e vida em nós.
O Coliseu já sabia que algo mágico estava para acontecer. As portas abriram e cheio de amor um homem dedilha suavemente um piano de cauda. A primeira frase que lhe saiu da voz arrebatou em arrepios todos os que estavam naquele lugar. Clementine sublime e magnífico fez do mexefest o lugar para se escutar música.
Mas que concerto soberbo este. O público, nós e ele numa simbiose feita de magia. A casa dele afinal não seria mais a solidão nem os túneis desconhecidos do metro de Paris. A casa dele era agora o Coliseu dos Recreios. A casa de Nina Simone, Leonard Cohen legados que Clementine sabe de forma única relembrar.
Um homem que fez do mexefest o lugar mais íntimo, o festival mais quente das noites de uma Lisboa que anda de lugar em lugar a escutar as vozes, a pluralidade de vozes musicais de um mundo à procura de paz.
No dia seguinte pouco sobrava, ainda as peles arrepiadas das pessoas tomavam conta das conversas. Clementine haveria de ficar na pele das pessoas. O festival continuou com Castelo Branco num Brasil sempre novo, com Selma Uamusse nas suas letras em Changana, língua de uma Moçambique presente, actual e refrescante. Para fechar com Petit Noir outro dos momentos do Mexefest. E como se mexe este jovem músico tão autêntico, tão inesperado.
O São Jorge transformou-se num daqueles bares alternativos onde queremos estar quando estamos na faculdade.
Aqueles momentos que são só de uma juventude que não queremos nunca perder.
Não fiquem nunca em casa em tempos de Mexefest. Não percam as ruas, os sons e a vibração das vozes de um mundo que queremos melhor, sempre melhor, plural.
André Soares, Editor da DIVO MAG